Pois que nada que dure, ou que, durando,
Valha, neste confuso mundo obramos,
E o mesmo útil para nós perdemos
Connosco, cedo, cedo,
O prazer do momento anteponhamos
À absurda cura do futuro, cuja
Certeza única é o mal presente
Com que o seu bem compramos.
Amanhã não existe. Meu somente
É o momento, eu só quem existe
Neste instante, que pode o derradeiro
Ser de quem finjo ser.
E o mesmo útil para nós perdemos
Connosco, cedo, cedo,
O prazer do momento anteponhamos
À absurda cura do futuro, cuja
Certeza única é o mal presente
Com que o seu bem compramos.
Amanhã não existe. Meu somente
É o momento, eu só quem existe
Neste instante, que pode o derradeiro
Ser de quem finjo ser.
Fernando Pessoa
Since
we do nothing in this confused world
Since we do nothing in this confused world
That lasts or that, lasting, is of any worth,
And even what’s useful for us we lose
So soon, with our own lives,
Let us prefer the pleasure of the moment
To an absurd concern with the future,
Whose only certainty is the harm we suffer now
To pay for its prosperity.
Tomorrow doesn’t exist. This moment
Alone is mine, and I am only who
Exists in this instant, which might be the last
Of the self I pretend to be.
That lasts or that, lasting, is of any worth,
And even what’s useful for us we lose
So soon, with our own lives,
Let us prefer the pleasure of the moment
To an absurd concern with the future,
Whose only certainty is the harm we suffer now
To pay for its prosperity.
Tomorrow doesn’t exist. This moment
Alone is mine, and I am only who
Exists in this instant, which might be the last
Of the self I pretend to be.
(Picture: The Garden of Hours, Salvador Dali)
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