Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, Quem tens lá no fundo?
É Esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma: será dia!
Fernando Pessoa
Magnificat
When will this inner
night – the universe – end
And I – my soul – have
my day?
When will I wake up
from being awake?
I don’t know. The sun shines
on high
And cannot be looked
at.
The stars coldly blink
And cannot be counted.
The heart beats aloofly
And cannot be heard.
When will this drama
without theater
– Or this theater
without drama – end
So that I can go home?
Where? How? When?
O cat staring at me
with eyes of life, Who lurks in your depths?
It’s Him! It’s him!
Like Joshua he’ll order
the sun to stop, and I’ll wake up,
And it will be day.
Smile, my soul, in your
slumber!
Smile, my soul: it will be day!
translated by Richard Zenith
(Picture: The water nymph, John Collier)
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